A constituição da linguística como ciência assentou na oposição sistema-uso, fomalização-empiria. A linguística, pelo menos nos seus primórdios, estuda o sistema, empreende na formalização. E da formalização, apuramento de regras descritivas, até à imposição de regras, normativas, vai um passo pequeno. Nem sempre justo, porém:
«Há sempre um desajuste entre as definições que a gramática tradicional dá de uma forma e os empregos reais dessa forma (...)» (Gustave Guillaume, 1929, Temps et Verbe).
«Não é verdade que o dito anacoluto não tem função sintática. Ele apenas não tem uma das funções sintáticas que estão na lista das gramáticas que Ubaldo lê (...)» (Sírio Possenti, 2010, «Crença rígida nas gramáticas espanta»).
Então, como agora.
O mês de Agosto significa férias para muita gente e para a equipa do Ciberdúvidas também. Regressaremos em Setembro, com novidades. Até lá, interrompendo necessariamente as actualizações diárias do consultório – razão por que agradecemos não nos sejam enviadas perguntas durante este período –, não deixaremos no entanto de dar o devido eco de notícias, comentários ou outros textos susceptíveis de interessar a todos quantos, por esse mundo fora, querem sempre saber mais sobre a língua portuguesa.
Ficam entretanto em linha mais 20 novas respostas e uma reflexão crítica de Paulo J. S. Barata, a propósito de uma desleixada colecção de livros de Verão, da responsabilidade de dois jornais diários portugueses. E, nas Controvérsias, retoma-se o tema da situação linguística da Galiza, com o debate centrado na questão da norma do galego. E, permanentemente disponível, fica, também, todo o vastíssimo arquivo do Ciberdúvidas.