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1. A data de 5 de maio é dedicada internacionalmente ao português, desde que em 27/11/2019 a 40.ª sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) decidiu  proclamá-la em cada ano como Dia Mundial da Língua Portuguesa. O Ciberdúvidas não tem deixado de registar a celebração*, que dá ampla projeção ao português como idioma de escala global e fator de afirmação cultural e geopolítica dos países e das comunidades que nele se exprimem. Na rubrica O Nosso Idioma, a consultora do Inês Gama sublinha, num texto elaborado a propósito deste dia, que a língua portuguesa é «portadora de uma longa história [e] não se pode esgotar na descrição do seu sistema linguístico, devendo ser também entendida como um veículo de comunicação por excelência e um forte laço de união dos povos que a utilizam».

* Ler as Aberturas de 05/05/202303/05/2022, 04/05/2021 e 06/05/2020.

2.  A locução «sendo que» continua a levantar dúvidas e, por isso, é retomada com mais pormenor no conjunto de sete novas perguntas que fazem a atualização do Consultório. São ainda abordados os seguintes tópicos: a referência bibliografia de uma seleção de textos de um mesmo autor; o advérbio insinuadamente; o uso intransitivo do verbo encurvar; a correspondência entre adjuntos adverbiais e as orações subordinada adverbiais; os adjetivos neural e neuronal; e o uso da anáfora num texto da escritora Luísa Costa Gomes.

3. Uma «doença do fórum psiquiátrico» ou do «foro psiquiátrico»? Há quem confunda, e a questão motiva um apontamento disponível no Pelourinho, do consultor Carlos Rocha, que se refere às relações etimológicas, semânticas e lexicais entre as palavras fórum e foro.

4. Na rubrica Ensino, dois artigos de opinião transcrito com a devida vénia de jornais portugueses:

– Num artigo de opinião transcrito da edição de 25/04/2024 do jornal Público, a socióloga Cristina Roldão, professora na Escola Superior de Educação-Instituto Politécnico de Setúbal, critica a ocultação das vítimas africanas na narrativa da guerra colonial portuguesa (1961-1974) que se encontra em alguns manuais de História dos ensinos básicosecundário de Portugal.

– Noutro artigo de opinião, publicado no Observador, em 28/04/2024, a professora Maria Regina Rocha identifica quatro aspectos que prejudicam o ensino português: a escala de classificação; a dimensão das turmas; a duração dos tempos letivos; os horários letivos semanais.

Sobre o ensino e o papel social da escola ler também, no jornal Público,  "A escola como antídoto contra a xenofobia" (30/04/2024) e "A IA chegou às salas de aula. Onde entra o professor?" (01/05/2024).

5. Entre publicações académicas com interesse para o aprofundamento de temas da língua portuguesa, salientam-se:

– em inglês, Decolonizing Linguistics («Descolonizar a Linguística»), da Oxford University Press, uma obra que visa intervir no condicionamento exercido pela mentalidade colonial na linguística e nas áreas relacionadas;

Políticas linguísticas educacionais em contextos africanos (Belo Horizonte, Mazza Edições, 2024), um volume organizado por Ezequiel Pedro José BernardoEzra Alberto Chambal Nhampoca e Cristine Gorski;

– e, da Galiza, centrado no debate acerca de norma linguística, A estandarización das linguas da Península Ibérica: procesos, problemas e novos horizontes (Consello da Cultura Galega), um volume organizado pelo linguista Henrique Monteagudo (Universidade de Santiago de Compostela), que é também o autor de  Galiza mater, raíz anterga. Manuel Rodrigues Lapa na lingua e a cultura galega (Editorial Galaxia), à volta do decisivo contributo do filólogo Manuel Rodrigues Lapa (1897-1989) para as relações culturais luso-galegas.

6. Outros registos da atualidade:

– No Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, nos dias 4 e 5 de maio, realiza-se o FeLiCidade – Festival da Língua e da Liberdade na Cidade, para assinalar os 50 anos da Revolução dos Cravos e questionar «a língua como casa» (ver programa). Este evento inclui uma aula do professor universitário e classicista Frederico Lourenço sobre Luís de Camões, no contexto da comemoração do 5.º centenário do nascimento do poeta.

– Ainda no âmbito da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, refira-se o evento organizado pela Universidade Aberta (UAb) com o título "A língua portuguesa como espaço de cidadania e de liberdade", a ter lugar no Palácio Ceia (Lisboa) no dia 6 de maio, das 16h30 às 17h45 (ver programa).

– O Brasil considera prioritário o projeto de tornar o português língua oficial da ONU, de acordo com declarações do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira (mais informação no Observatório da Língua Portuguesa).

– O abaixo-assinado lançado por um grupo de investigadores de Inteligência Artificial e tecnologia da língua portuguesa, apelando à intervenção das autoridades no desenvolvimento de um plano de preparação tecnológica do português para enfrentar os desafios dessa área.

7. Dos programas que, na rádio pública de Portugal, versam sobre língua portuguesa, salientam-se:

– No programa Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 03/05/2024 às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), conversa-se com a escritora e antiga ministra da Educação Isabel Alçada, sobre o poder e valor da leitura no século XXI.

– No programa Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 05/05/2024, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 10/05/2024 às 15h30*), entrevista-se a professora Maria Aldina Marques, investigadora do Centro de Estudos Humanísticos (Universidade do Minho), sobre o discurso académico e científico, com especial foco nas competências linguísticas dos estudantes do ensino superior. Ainda um apontamento gramatical da consultora do Ciberdúvidas Inês Gama.

– Igualmente na Antena 2, refira-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho, de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.

 *Hora oficial de Portugal continental.

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